A caminho de casa encontrou a velha conhecida de cabelos vermelhos e conversaram animadamente sobre o passado, riram muito e revelaram a saudade da convivência. Em meio as risadas excitaram-se e então sorriram nervosamente. A noite já avançava, mas não desejavam despedirem-se e, quando ele começa a ensaiar o convite para um novo encontro, ela diz:
— Não sei se está muito ocupado, sei lá... Talvez você tenha algum compromisso, mas... Gostaria de ir lá em casa?
— Sério?
— É, sério. Agora minha filha não está, saiu com a minha mãe... Quer?
— Gostaria de tomar algo?
— Sim, tem um mercadinho perto.
— Legal!
Os dois corações dispararam, as respirações tornaram-se curtas e um mal entendia o que o outro dizia. Depois das compras, quando chegaram à casa dela, cozinharam e beberam na pequena cozinha onde os esbarrões eram inevitáveis e sempre seguidos, é claro, dos polidos e encabulados pedidos de desculpas.
Comeram e conversaram amenidades. Trocaram elogios quando embriagados o bastante. Então o silêncio e, por sobre o balcão, ele tocou os lábios dela com os seus e arrematou o ato com um patético e quase inaudível:
— Desculpa.
No instante seguinte ela espremeu os seios contra o balcão para retribuir a gentileza e disse:
— Melhor dar a volta.
Tímidos, enlaçados, riram, beijaram-se e lambuzaram-se da saliva. As mãos percorreram pernas, cintura, costas e cabelos, mas ainda evitavam seios, mamilos e genitais ao mesmo tempo em que esfregavam-se com furor.
— Vamos ouvir alguma coisa? — ela perguntou — Já sei! Tenho uma fita aqui que você vai adorar. Já volto!
Ligeira, partiu em direção ao quarto, mas no caminho parou no banheiro e ao colocar o pé no piso gelado sorriu, admirou-se no espelho, fez seu xixi, examinou o capuz do clitóris, conferiu o que veio esfregando o polegar contra o indicador e cheirou. “Aiaiaiai...” — pensou — “Será que ele vai tentar me chupar? Será que ele sabe fazer isso? Não, não quero chupar ele. Não sei como é lá, sei lá... Ainda não vi e mal senti o pau dele... Ai... Foda-se, estou muito tempo aqui e ele vai achar que estou cagando”. A descarga foi rapidamente acionada e apenas as pontas dos dedos sentiram o sabonete e a água.
Enquanto isso, em outra parte da casa, pensamentos o perturbam: “Merda, meu pau não amolece! Relaxa, meu, relaxa...” — luta o rapaz alto e magro para que ela não note a ereção que já não é mais possível esconder.
— Voltei! Saca só!
— Que surpresa! Nunca imaginaria... Você tem mesmo ainda!
Era a velha fita do Velvet Underground.